
O projeto de políticas públicas foi idealizado por diversos agentes de inovação, como as três universidades estaduais paulistas, e visa integrar e avaliar ambientes de inovação do estado de São Paulo, estruturando novos modelos de padronização de indicadores e boas-práticas
Texto: Gabriel Brito | Fotos: Lucas Rodrigues
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo (SCTI) promoveu, na última terça-feira (22), o evento “O Desafio de Mensurar Impacto”, que marcou o lançamento oficial do Projeto Japi – Jornada dos Ambientes Paulistas de Inovação, um projeto de políticas públicas aprovado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Na ocasião, o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, sob gestão da Agência de Inovação Inova Unicamp, esteve representado pela coordenadora de ambientes de inovação e empreendedorismo, Mariana Zanatta Inglez, o supervisor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e de empreendedorismo, além da supervisora de comunicação da Inova Unicamp, Kátia Kishi.
A iniciativa é inédita e tem como missão integrar, avaliar e aprimorar os mais de 70 ambientes de inovação distribuídos pelo território paulista, promovendo uma nova abordagem na consolidação de dados e subsidiando a formulação de políticas públicas mais eficazes. Tudo isso, com base em indicadores que ampliem os resultados e ações dos ambientes, alinhados à uma inteligência sistêmica do ecossistema paulista.
“Precisamos harmonizar e qualificar os indicadores, reduzindo o custo do reporte para os ambientes. O Japi representa um passo importante na consolidação de uma cultura de impacto, baseada em evidência e voltada à ação pública.”, apontou o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da SCTI, André Aquino.
Coordenado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), em parceria com a SCTI, o projeto nasce a partir de uma demanda estratégica da própria Secretaria.
“Hoje não é possível avaliar, acompanhar a evolução dos processos se não houver diretrizes e ferramentas que possam mensurar direta ou indiretamente o que está acontecendo, principalmente quando falamos sobre inovação. Por isso, o Projeto Japi, que aliás foi instigado e incentivado pela Secretaria, será fundamental para termos uma melhor visão desse panorama”, afirmou o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Vahan Agopyan.
O evento, realizado no auditório da SCTI, também celebrou o Dia Mundial da Criatividade e Inovação, comemorado em 21 de abril, e reuniu gestores públicos, pesquisadores, representantes de ambientes de inovação, universidades e agências de fomento. A programação trouxe debates sobre estratégias de mensuração de impacto, padronização de indicadores e aprimoramento das ferramentas de reporte no âmbito do Sistema Paulista de Ambientes de Inovação (SPAI).
A atividade também contou com o patrocínio da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp), que destacou a importância do tema para ampliar o reconhecimento e a atratividade das iniciativas inovadoras em São Paulo. Segundo Luiz Felipe, assessor de imprensa da Fundação, o evento tem grande relevância para o campo de atuação da Fundunesp, que tradicionalmente apoia projetos e atividades voltadas à ciência, tecnologia e inovação no Estado.
Uma jornada baseada em indicadores
Durante a programação do evento, o projeto foi apresentado como uma das ações estruturantes conectadas ao SPAI, ao lado de iniciativas em parceria com FAPESP, instituições de ensino e demais ambientes de inovação regionais.
A proposta do Japi é desenvolver e testar modelos de avaliação, indicadores estratégicos, e uma plataforma digital interativa, com foco na melhoria da governança, otimização de investimentos públicos e geração de inteligência territorial dos ambientes.
“O Projeto Japi - Jornada dos Ambientes Paulistas de Inovação, nasceu da missão em fortalecer, integrar e aprimorar o ecossistema de inovação no estado de São Paulo”, afirma o coordenador do Projeto Japi, Guilherme Ary Plonski, professor da FEA USP.
Segundo ele, a iniciativa busca desenvolver uma metodologia de avaliação aplicada aos ambientes de inovação do estado de São Paulo, capazes de apoiar a formulação de políticas públicas mais qualificadas e confiáveis. A proposta envolve a criação de modelos, indicadores e práticas capazes de mensurar o desempenho desses ambientes de forma sistemática, respeitando suas especificidades regionais e estruturais.
Ao consolidar uma base de dados confiável em uma plataforma digital interativa, o projeto pretende aprimorar a legitimidade e a efetividade das políticas voltadas à ciência, tecnologia e inovação baseadas em evidências.
“A ideia é que políticas públicas sejam o quanto possível subsidiadas, e sempre alimentadas por evidências. Isso melhora a qualidade das decisões que corretamente têm que ser feitas por pessoas eleitas, com dados em que elas confiem, e em que a sociedade também confie.”, destaca o coordenador.
Conexão em rede e fortalecimento institucional
Além da FEA USP, o Projeto Japi conta com apoio técnico e estratégico de diversas instituições como:
- Rede de Ambientes Paulistas de Inovação (API)
- Instituto de Economia Agrícola (IEA)
- Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp)
- Faculdade de Ciências Agrárias do Vale do Ribeira da Universidade Estadual Paulista (FCAVR/Unesp)
- Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros (FEI)
- Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Essas instituições atuam conjuntamente na formulação metodológica, análise de dados e articulação regional, ampliando o alcance e a efetividade da Jornada.
Além do valor estratégico, o projeto também carrega um forte significado simbólico e geográfico. A sigla Japi faz referência à Serra do Japi, patrimônio ambiental localizado em Jundiaí-SP, e à palavra tupi-guarani iapy, que significa nascente de rio — evocando o fluxo de conhecimento, inovação e transformação que o projeto pretende catalisar em todo o estado.
“Toda informação é capaz de levar à ação. E é isso que nós estamos buscando”, afirmou Plonski, durante sua apresentação no evento. A expectativa é que os resultados da Jornada contribuam de forma decisiva para o aprimoramento da política estadual de ciência, tecnologia e inovação.