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Soraya El Katib está com uma pesquisadora em seu laboratório segurando um dos produtos desenvolvidos
O processo de extração para obter o Sérum é uma tecnologia patenteada pela Unicamp e pela empresa-filha como resultado de um projeto de pesquisa e desenvolvimento

Texto: Karen Canto | Foto: Valéria Abras

Uma novidade que acaba de entrar no mercado brasileiro é um dermocosmético com potencial de rejuvenescimento e propriedades cicatrizantes que foi desenvolvido e produzido pela S Cosméticos do Bem, empresa-filha da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) graduada pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp).

Trata-se do Sérum Rejuvenescedor extraído da Artemisia Annua, uma planta de origem asiática muito utilizada na medicina tradicional chinesa, e que tem bioativos responsáveis pelas propriedades terapêuticas. O processo de obtenção desse Sérum é o resultado de um projeto de pesquisa entre a empresa-filha e a Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, sob orientação da professora Maria Angela de Almeida.

Essa tecnologia, patenteada pela Unicamp com cotitularidade da empresa, permite a extração de três frações bioativas, sendo uma delas a que dá origem ao Sérum, conforme explica a CEO e fundadora da empresa, Soraya El Katib: “Esse Sérum é o resultado de dez anos de pesquisa na área de dermocosméticos. Nós desenvolvemos uma tecnologia que permite agregar de forma inteligente os bioativos da matéria prima vegetal, resultando num produto multifuncional, com grande poder rejuvenescedor.”.

Com a tecnologia licenciada, a S Cosméticos do Bem contou com o apoio financeiro dos programas Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para o desenvolvimento do produto e comprovação das “propriedades terapêuticas multifuncionais que o permitem se posicionar de forma competitiva no mercado”, relembra El Katib sobre o processo.

Os dermocosméticos compõem a categoria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), um setor da indústria que se mantém aquecido, apesar da crise econômica. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o Brasil se tornou o terceiro país no mercado de estética mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

Sobre a atuação do Sérum Rejuvenescedor, a empreendedora, que também é doutora em Biologia Molecular e Funcional pela Unicamp, explica que o produto age na pele acelerando a regeneração celular e promove redução significativa dos sinais de envelhecimento, sendo que os resultados visíveis começam a ser percebidos após 28 dias de aplicação: “Não é milagre, é ciência! Através dela, nós desenvolvemos um produto de eficácia e segurança comprovadas.” destaca a fundadora da S Cosméticos do Bem. Além da capacidade de regeneração celular, o Sérum também apresenta propriedades de cicatrização e pode ser empregado no tratamento da psoríase e de queimaduras na pele.

Inicialmente, o Sérum Rejuvenescedor será comercializado via site da S Cosméticos do Bem e, possivelmente, estará nas farmácias no primeiro semestre de 2021, quando os demais produtos desenvolvidos pela empresa-filha da Unicamp também devem chegar ao mercado. 

 

Outros benefícios da extração da Artemisia Annua 

Além da fração que dá origem ao Sérum Rejuvenescedor, a partir da extração da Artemisia Annua se originam outras frações também ricas em bioativos e micronutrientes. Esses dão origem a outros produtos como uma loção repelente contra mosquitos, também desenvolvida e produzida pela S Cosméticos do Bem

O processo desenvolvido e patenteado se caracteriza como sustentável porque para a extração se utiliza apenas água e gás carbônico (CO2). Por meio da variação de pressão e temperatura é possível obter as frações bioativas sem o uso de solventes nocivos e poluentes. Além disso, o CO2 utilizado pode ser captado do reuso de processos industriais, aumentando assim o caráter de sustentabilidade do processo.

Após a extração dos bioativos, é possível obter do resíduo a artemisinina, um fármaco potente e eficaz no tratamento da malária. “Essa matéria prima vegetal contém mais de três mil compostos bioativos com potencial de utilização como fármacos ou dermocosméticos, que podem ser extraídos por meio de um processo com baixíssimo impacto ambiental. Isso nos dá infinitas possibilidades.” conclui El Katib.

Karen Canto é graduada e mestra em química pela UFRGS, doutora em Ciências pela Unicamp, aluna do curso de especialização em jornalismo científico Labjor/Unicamp e bolsista Mídia Ciência (Fapesp).