A Homebook, empresa fundada por um ex-aluno da Unicamp, desenvolve portarias com tecnologias de robótica e inteligência artificial e desperta interesse da divisão de venture capital da Algar Telecom.
Texto: Christian Marra | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp
Com a crescente adoção de câmeras, aplicativos, QR Codes e outros dispositivos, as portarias dos condomínios incorporam cada vez mais novas tecnologias para tornar as suas operações mais seguras e ágeis. Ao mesmo tempo, continuamente são erguidos novos condomínios residenciais e comerciais que, por sua vez, exigem portarias mais eficientes para gerenciar o entra e sai de condôminos e as frequentes entregas de mercadorias, turbinadas pelo comércio on-line.
De olho nessa demanda em alta por portarias com tecnologias mais sofisticadas, um ex-aluno da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiu explorar esse mercado agregando às portarias as mais avançadas tecnologias da informação e de telecomunicação disponíveis. Foi assim que Alcino Vilela, formado pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e com especialização em sustentabilidade pelo Instituto de Economia (IE), ambos da Unicamp, fundou a Homebook, uma empresa com foco no desenvolvimento de inovações para portarias robotizadas de condomínios.
Em 2019 Vilela desenvolveu o primeiro protótipo da portaria e criou um plano de negócios para a empresa. No mesmo ano ele participou de um edital para incubar a Homebook na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), sob gestão da Agência de Inovação Inova Unicamp, e foi aprovado. Em 2022 a Homebook graduou-se na Incubadora e, na sequência, ingressou como startup hospedada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp.
Como surgiu a conexão com a Algar Telecom
Já no Parque Científico e com o incentivo da Inova Unicamp, a Homebook participou, em março de 2023, de um encontro promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) destinado a apresentar startups a investidores. Na ocasião, Vilela foi abordado brevemente por um especialista da Algar Telecom Venture Builder, o braço da Algar Telecom destinado a investimentos em venture capital, e trocaram cartões nesse rápido encontro. Alguns dias depois, seu telefone tocou: “fiquei quase duas horas conversando com os investidores da Algar, detalhando o funcionamento da portaria robotizada”, comenta Vilela. A conversa foi encerrada com um convite para participar de um Pitch Day na Algar.
Vilela conta que ficou sabendo posteriormente que a Algar, na ocasião, prospectou diversas startups. Algumas foram convidadas para o Pitch Day na sede da empresa e, ao final, a Homebook foi selecionada para receber investimentos da Algar.
A Algar Telecom faz parte do grupo Algar e atua em 16 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, com foco em soluções de telecomunicações e de tecnologia da informação. A Algar Telecom Venture Builder, por sua vez, corresponde ao ramo de venture capital do grupo voltado a investimentos em startups. Seu objetivo é desenvolver empresas de base tecnológica e facilitar as suas conexões com o mercado, fortalecendo o crescimento das startups selecionadas.
Em julho de 2023, a Homebook assinou um memorando de entendimento com a Algar Telecom. No momento, a Algar apoia a Homebook com recursos humanos e networking.
Como são as portarias robotizadas
Vilela também é técnico em eletrônica e isso lhe ajudou a vislumbrar a ideia de criar uma portaria robotizada: “resolvi reunir tudo o que havia de mais avançado em tecnologia nessa área e agregar a uma portaria. Desenvolvemos um protótipo que usava robótica, internet das coisas, inteligência artificial, armazenamento em nuvem, videochamada, biometria, aplicativo para tablets e celulares, software de gerenciamento e outros recursos. Assim nasceu a nossa portaria robotizada, que é muito mais sofisticada que as portarias remotas atualmente usadas nos condomínios”, comenta o fundador da startup, que define esse conceito como cyber condomínio 5.0.
Nas portarias robotizadas da Homebook o atendimento do visitante é feito 100% por uma assistente virtual robotizada, que a empresa denomina "Hellô". Ela é supervisionada por uma central de monitoramento de câmeras, na qual vigilantes fazem o acompanhamento da movimentação.
Quando uma visita chega ao condomínio, a portaria robotizada atende ao visitante e faz o registro de seus dados (nome, documento, foto etc.). Em seguida, ela chama o condômino por videochamada (ou grava um recado caso ele esteja ausente) por meio de um aplicativo instalado em seu smartphone, e ele pode, assim, liberar a entrada.
Além disso, a portaria robotizada conta com várias outras funcionalidades, como alarme caso o portão fique aberto, disparo de alarmes de invasão, aviso de recebimento de encomendas, envio de comunicados, monitoramento 24 horas das câmeras de segurança, entre outras.
Uma nova funcionalidade recentemente instalada foi uma tecnologia de notificação de pânico para casos de sequestro relâmpago. Para isso, o sistema da portaria, usando o dispositivo de biometria facial do condômino, ganhou uma programação que, conforme um gesto pré-definido do morador, ativa um alarme para essas situações. O alarme avisa aos responsáveis pela segurança do condomínio, o síndico e à central da Homebook, que podem assim informar a ocorrência às autoridades policiais locais.
Planos da Homebook para 2024
Além de aprimorar o sistema, o time da Homebook também trabalha, neste ano, no desenvolvimento do market fit do produto, ou seja, no ajuste do produto ao mercado. Nessa etapa, são estudados aspectos como a satisfação dos usuários, a qualifi
cação dos produtos concorrentes, a capacidade de oferta de valor, entre outros parâmetros. Tudo isso para aumentar a competitividade das portarias robotizadas no mercado em um curto prazo.
As portarias robotizadas da Homebook já estão instaladas em alguns condomínios das cidades de Campinas (SP), Monte Mor (SP) e Curitiba (PR), onde fazem parte de projetos-piloto. Dessa forma, a empresa faz uma coleta de informações junto aos usuários para o seu aprimoramento contínuo, enquanto prepara a instalação de novas portarias em outros condomínios.
Vilela finaliza destacando o importante papel da Unicamp e da Inova nesse processo de avanço da startup: “a chancela Unicamp sempre deu muito peso, ela transmite muita segurança aos investidores, além do seu papel fundamental de transformar uma ideia em inovação. Nós recebemos muitos treinamentos, participamos de muitos workshops e eventos promocionais, construímos um enorme networking com investidores. A marca Unicamp, sem dúvida, abre portas”, conclui.
Saiba mais sobre o Parque Científico da Unicamp
O Parque Científico e Tecnológico da Unicamp está localizado dentro do maior campus da Unicamp, na cidade de Campinas. O local é constituído por 100 mil m² urbanizados, voltados para hospedar laboratórios de P&D e startups.
O ingresso das empresas é realizado por meio de submissão de propostas em edital de fluxo contínuo, disponível junto a um passo a passo no site do Parque para startups ou para empresas que desejam instalar seus laboratórios de pesquisa dentro da Unicamp.
Saiba mais sobre o ecossistema Empreendedor da Unicamp
Além de ser graduada pela Incamp, a Homebook já seria considerada uma empresa-filha da Unicamp por seu fundador ser um ex-aluno da Universidade. Empresas-filhas são aqueles empreendimentos cujos fundadores tenham ou tiveram vínculo formal com a Unicamp.
A Inova mantém o cadastro aberto para mapear novas empresas de seu ecossistema. Sua empresa pode ser considerada filha da Unicamp? Faça seu cadastro para compor o ecossistema: https://www.inova.unicamp.br/cadastro-filhas/
