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Printscreen da capa do jornal Correio Popular com Alcino Vilela e seu prototipo de portaria eletronica chamada Helô. Fim da Descrição
Texto originalmente publicado na capa da edição de domingo do jornal impresso e no site do Correio Popular
Campinas é celeiro de ciência e tecnologia, startups e grandes empresas

Texto: Gilson Rei

O Brasil vem se consolidando como um dos principais ecossistemas de empreendedores em inovação do mundo, com o surgimento de grandes corporações e startups gigantescas, que geram milhares de empregos no País e no exterior. Essa vocação de terra fértil em tecnologia e pesquisa pode ser confirmada no Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que se transformou em celeiro de talentos. Relatório de 2021, divulgado esta semana, confirma que a geração de empregos mais que dobrou nos últimos cinco anos. Houve um aumento de 116% de empregos diretos gerados pelas empresas hospedadas no local, sob gestão da Agência de Inovação Inova Unicamp.

O relatório demonstra que, até o fim de 2021, as 41 empresas do Parque geraram 729 posições de trabalho, sendo que, desse total, 74% se dedicam a funções de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) dentro das empresas. Em 2017, as 29 empresas existentes mantinham 337 empregos. A captação de recursos de fomento e de investimento pelas empresas do Parque também cresceu. Eram menos de R$ 11 milhões em 2017. No ano passado, a captação de recursos superou R$ 56 milhões.

Eduardo Gurgel do Amaral, diretor do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, explicou que o destaque à criação de cargos voltados à P&D integra a visão estratégica e o caráter científico do Parque, que fomenta a inovação e o empreendedorismo ao redor da Unicamp, com benefícios para toda Região Metropolitana de Campinas (RMC). Para além dos empregos, ele comenta que, desde 2017, foram assinados 62 convênios de pesquisa entre empresas do Parque e a Unicamp, que totalizaram mais de R$ 38 milhões de investimentos em projetos de P&D, feitos em parceria com a Universidade.

Quanto ao papel e ao impacto da iniciativa, Gurgel explicou: "O Parque da Unicamp é um importante agente promotor da inovação na região e está em constante expansão para trazer mais impactos positivos junto à Universidade, às suas empresas e a todo ecossistema da região, que vêem vantagens que vão além da infraestrutura que temos em área de 350 mil m² dentro do principal campus da Unicamp, em Campinas. Isso porque aqui as empresas têm acesso a recursos humanos qualificados e facilidade para fechar parcerias com novos projetos de pesquisa com a Unicamp", revelou.

 

Exemplo

Dentre as parcerias de pesquisa que favorecem e são favorecidas pelo ecossistema ao redor da Unicamp, pode-se mencionar a HomeBook, startup incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), que oferece uma solução de Portaria Remota Robotizada, utilizando tecnologia de ponta para trazer mais segurança e comodidade aos condomínios residenciais e corporativos, dentre outros. A Homebook está entre as 100 melhores startups da América Latina.

O desejo de desenvolver o sistema surgiu a partir da experiência do líder de inovação da startup, Alcino Vilela, que decidiu empreender, utilizando sua experiência como síndico de condomínio. O empreendedor vislumbrava desenvolver um produto capaz de minimizar os gastos dos condôminos. Após comparecer a uma feira de condomínios em 2017 e observar o grande número de empresas trabalhando com portaria remota, teve a ideia de criar uma portaria robotizada que tivesse um custo mais baixo que os produtos semelhantes e que se destacasse por não precisar de um porteiro humano.

No início do projeto, Vilela — que é técnico em eletrônica, graduado em Ciências Sociais e com especialização em Sustentabilidade — utilizou capital próprio e criou a primeira portaria robotizada do Brasil, focada no reconhecimento facial. A solução pode ser utilizada em condomínios residenciais e corporativos, automatizando os serviços de portaria e substituindo o porteiro humano pela porteira robô — carinhosamente chamada de Hellô — para controlar o acesso de moradores, visitantes e prestadores de serviço ao prédio.

Em parceria com a Griaule Biometrics — também empresa-filha da Unicamp —, a Homebook apostou em tecnologia focada em reconhecimento facial.

"O Parque é um grande celeiro formador de tecnologia, pesquisa, empregos e empresas voltadas à produção de conhecimento e aplicabilidade da ciência. As ideias são transformadas em inovações para o mercado, recebendo no Parque todo o network e com uma rede de contato da Universidade e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que ajudam captação de investimentos em novas tecnologias", comentou.

Por meio dessa rede, a Homebook obteve investimento para aplicar sua tecnologia em Madrid, na Espanha, e em Lisboa, em Portugal. "Esta rede de contatos possibilitou novas oportunidades e rompeu fronteiras, permitindo levar a tecnologia para qualquer parte do planeta. Engenheiros de universidades têm a oportunidade de desenvolver conhecimento nas incubadoras. É uma oportunidade de desenvolvimento de novas ideias, uma mão de duas vias", afirmou.

 

Faturamento

O faturamento de startups e incubadas do Parque quadruplicou nos últimos cinco anos e ultrapassa R$ 54 milhões. Além dos resultados na área de P&D, o relatório de 2021 destacou o fortalecimento das empresas incubadas na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e das startups hospedadas no Parque nos últimos cinco anos. Juntas, as 32 empresas incubadas e startups apresentaram um faturamento quatro vezes maior, indo de R$ 10 milhões, em 2017, para R$ 54,5 milhões, em 2021.

 

Tipos de empresas

O Parque Científico e Tecnológico da Unicamp é um complexo que possibilita startups inovadoras, laboratórios de pesquisa de empresas que mantêm projetos de P&D ativos com a Unicamp, e empreendimentos incubados na Incubadora Incamp. Atualmente, 41 empresas estão no Parque, sediadas em um dos seus seis prédios dentro do principal campus da Universidade. Para cada tipo de empresa, existe um edital para submeter sua entrada.

Ao todo, nove empresas mantêm seus laboratórios de pesquisa em parceria com a Unicamp. Um exemplo é o Grupo Idea, que está em dois espaços do Parque e que mantém convênios de pesquisa há mais de cinco anos. O Idea contrata talentos da Universidade e oferece bolsas de estímulo à inovação para o desenvolvimento de tecnologia de sistemas ópticos de transmissão de dados em alta velocidade de internet. Além disso, o Idea se usufrui das conexões e da localização estratégica do Parque da Unicamp para firmar parcerias importantes como o fornecimento de tecnologia de raio X para os laboratórios do Sirius, o acelerador de partículas brasileiro, vizinho da Unicamp.

Jacklyn Dias Reis, diretor de Microeletrônica do Grupo Idea, destacou as vantagens das empresas se conectarem fisicamente dentro da Unicamp.

"Os projetos de cooperação com a Unicamp são fundamentais para a consolidação tecnológica do Grupo Idea por vários motivos. Entre eles, destacamos a capacitação de recursos humanos em temas tecnológicos alinhados ao nosso roadmap, que é o mapa, a ferramenta visual e descritiva, que apontará como será o produto ou projeto", disse. "A oportunidade de cooperar com grupos de pesquisa, incluindo professores e alunos de ponta na América Latina e, a possibilidade de atender mais rapidamente às necessidades de mercados com soluções mais criativas, são também fundamentais", comentou.

O Parque da Unicamp também recebe startups, aquelas empresas com negócios inovadores que podem mudar o mercado por meio da tecnologia. Atualmente, estão presentes no Parque 15 startups com soluções diversificadas, como a NeuralMind que atua com Inteligência Artificial com foco em solucionar problemas complexos que envolvem processamento de imagens e vídeos, análise de textos, detecção de fraudes, garantia de compliance e reconhecimento de padrões.

Outro tipo de empresa que pode se hospedar no Parque são as que foram aprovadas nos programas de incubação da Incubadora Incamp. Hoje, são 17 empresas incubadas que recebem as captações como a R&R NovaBio Ocular, que atua no mercado da saúde. A empresa nasceu em 2019 pelos ex-alunos da Unicamp Mariana Rosales e Franco Rossato e está incubada na Unicamp para montar um modelo de negócio que visa colocar no mercado soluções para tratar doenças do segmento posterior ocular, com a missão de prevenir a perda de visão, e impactar positivamente na qualidade de vida de pessoas. A incubada ainda está em fase de pesquisas e testes.

RELATÓRIO DO PARQUE 2021

Esses são apenas alguns dos dados publicados recentemente pelo Relatório do Parque Cientifico e Tecnológico da Unicamp, que está disponível para download gratuito na biblioteca da Inova Unicamp.

 

CONFIRA A VERSÃO IMPRESSA DO CORREIO POPULAR

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O Parque foi manchete na capa do jornal e está na página 6.

Foto da matéria acima impressa no jornal