Texto: Redação Inova Unicamp | Foto: Pedro Amatuzzi - Inova Unicamp
A Neger Telecom, empresa de engenharia de radiofrequência e uma das empresas-filhas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mantém como um dos seus braços de atuação a busca por inovação. Assim, ela vem firmando e renovando convênios de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias junto à Unicamp.
O convênio de P&D mais recente foi assinado em 2021 e prevê o desenvolvimento de uma tecnologia para detecção de drones comerciais. O objetivo da empresa é colocar no mercado uma solução que seja acessível, tanto pelo custo quanto pelo manuseio.
Segundo Eduardo Neger, ex-aluno de Engenharia Elétrica da Unicamp e diretor de engenharia da empresa, no Brasil os drones comerciais têm sido utilizados para crimes, como na espionagem de condomínios de luxo, no transporte de drogas e materiais ilícitos em presídios e roubo de carros-fortes. Além disso, o tráfego irregular em áreas de aeroportos têm causado sérios riscos de acidentes aéreos.
“Os drones comerciais, quando adaptados, podem se transformar em verdadeiras armas. Por isso, há uma forte demanda por tecnologias que façam a detecção e alertas desses equipamentos, mas que sejam acessíveis, tanto pelo custo quanto pela facilidade de manuseio”, acrescentou o diretor.
O convênio de pesquisa com a Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp tem duração de cinco anos e está sendo desenvolvido no Parque Científico e Tecnológico da Universidade, sob gestão da Agência de Inovação Inova Unicamp, onde a empresa instalou um núcleo de pesquisa.
Com a parceria, a Neger pretende contar com o conhecimento de pesquisadores para chegar à tecnologia inovadora e ocupar um nicho de mercado que ainda não é aproveitado.
Os pesquisadores farão um trabalho exploratório. Serão realizados testes para identificar o que é tecnicamente possível, além de estudos das tecnologias existentes no mundo atualmente. A proposta é desenvolver um sistema que detecte drones comerciais e crie alertas. Para isso, foram instaladas torre, plataforma e antenas para teste de radiofrequência com emissão de sinais e simulações.
Neger explica que um dos principais motivos de desenvolver uma tecnologia acessível e de fácil manuseio, é que os sistemas disponíveis hoje são extremamente robustos e caros, voltados especialmente para atender à área da segurança militar que tem investido em conhecimento para controle desses dispositivos.
"Há oferta de tecnologias muito sofisticadas e que custam dezenas de milhões de dólares. Ou seja, há um gap no mercado para atender os drones comerciais e nós estamos atentos a isso”, afirma o diretor.
Cultura disruptiva e longo relacionamento com a Unicamp
Fundada em 1988 como fabricante de material para avicultura, a empresa mudou o seu portfólio ao longo dos anos diante das demandas e oportunidades de mercado. A migração aconteceu, primeiramente, para telefonia e internet rural até chegar aos drones comerciais.
Desde então, a empresa vem investindo em projetos de pesquisa voltados à inovação há pelo menos 10 anos, especialmente junto à FEEC Unicamp, quando firmou a primeira parceria, realizada em meados de 2015.
Na época, a FEEC possuía um programa de mestrado para desenvolver um sistema de bloqueio de drones na área de segurança utilizando a tecnologia spoofing. A técnica consiste em identificar o drone, gerar um alerta e fazer uma intervenção, assumindo o controle do dispositivo. Um protótipo foi construído a partir da pesquisa.
Para Eduardo Neger, a parceria com a FEEC foi uma semente plantada para que a empresa começasse a entender o mercado. Os estudos foram adaptados para desenvolver um produto viável comercialmente, visto que no Brasil a intervenção de drones ainda é proibida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) - exceto em áreas de unidades prisionais.
Com isso, as pesquisas para bloqueio foram repensadas e a Neger, por meio de uma parceria com a Brinks - empresa de transporte de valores -, passou a desenvolver um sistema de detecção e alerta de drones. A empresa vinha sendo alvo de roubos com a utilização desses equipamentos.
“A parceria acadêmica vem para oxigenar os profissionais que atuam na empresa, de forma a pensarmos fora da caixa. Na outra via, nós, enquanto empresa, conseguimos indicar quais são as necessidades do mercado para o resultado de algumas pesquisas resultarem em inovação para a sociedade”, explicou Neger sobre o relacionamento com a Unicamp.
O convênio de pesquisa entre a Neger Telecom e a FEEC Unicamp foi firmado por meio da Inova Unicamp. O projeto de P&D tem apoio do programa Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para custeio de bolsas para os pesquisadores.
Sobre o Parque Científico da Unicamp
O Parque Científico e Tecnológico da Unicamp está localizado dentro do maior campus da Unicamp, na cidade de Campinas. O local é constituído por 100 mil m² urbanizados, voltados para hospedar laboratórios de P&D - com projetos de pesquisa em parceria com a Unicamp, como a Neger Telecom - e startups.
O ingresso das empresas é realizado por meio de submissão de propostas em edital de fluxo contínuo, disponível junto a um passo a passo no site do Parque para startups ou para empresas que desejam instalar seus laboratórios de pesquisa dentro da Unicamp.
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