Fotografias: Juliana Ewers e Antonio Scarpinetti
Tendências e soluções em negócios da moda. Lendo assim, muito provavelmente você não tenha a dimensão do campo de atuação da Tendere, uma empresa graduada da Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp) que esteve presente na UPA (Unicamp de Portas Abertas) no último sábado, para partilhar com os visitantes a experiência empreendedora dentro da universidade.
Ao identificar que as pesquisas relacionadas às tendências de mercado não davam conta da realidade contemporânea, a Tendere se especializou em uma metodologia própria. Desta forma, a empresa consegue antecipar tendências em até dois anos. “As pessoas buscam pares, no sentido de identificação. A maior parte dos brasileiros entre 15 a 18 anos escolhem fazer intercâmbio para Austrália e África do Sul, locais que têm o mesmolifestyle que o Brasil. Ou seja, que tem a mesma classe social em outro aspecto cultural”, conta Patrícia Sant’Anna, fundadora de diretora de pesquisa da Tendere.
Atentos ao fluxo cultural no “hemisfério sul” – entre aspas, pois a empresa considera em suas pesquisas países acima da linha do Equador, que também têm forte influência latina –, os profissionais da Tendere concentram seus esforços no start de linguagens no hemisfério Norte e na forma com que essas linguagens chegam ao Brasil. “Se sensibilizou hoje, em dois anos as pessoas estão comprando”, resume Patrícia.
Os brasileiros, segundo a diretora de pesquisa, são – tanto homens quanto mulheres – muitos sensuais e casuais em seu modo de vestir. Outro ponto observado por ela é a questão das estampas. “Em maior ou menor intensidade, os brasileiros costumam gostar de estampas. No Rio de Janeiro e em São Paulo, usam menos, mas usam. Enquanto no Nordeste, por exemplo, é algo muito presente”, explica.
Com base nas verificações feitas pela Tendere, existem quatro formações de gosto no Brasil.
A primeira delas é o Pop Tropical. Segundo Patrícia, um bom exemplo desse estilo é a cantora Gaby Amarantos. Independentemente de classe social, esse é um estilo focado em exuberância e excessos, que busca valorizar a cultura local. Duas regiões que concentram esse tipo de gosto são Belém e Salvador.
A segunda é o gosto Latino Urbano, tradicional de cidades maiores, acinzentadas e urbanizadas. Os habitantes de São Paulo, Buenos Aires e Recife são exemplo desse modo de se vestir.
Já os cariocas têm um estilo próprio, denominado Karioka – com k mesmo, em Tupi-guarani. Eles podem ser descritos como antenados à moda, casuais e naturais. “Mesmo que aquele aspecto de bronzeado de praia, cabelos levemente cacheados e ao vento seja algo construído”, explica Patrícia.
E por fim, existe o Sofisticado, que diz respeito a pessoas que têm muito acesso a informações relacionadas à moda e construção de vestuário. Nesse caso, não há relação com a localidade. É mais a forma com que a pessoa se interessa por moda e tem acesso a essas informações.
Tendere no mercado
Ingressante da Incamp em 2011 e graduada já em meados de 2014, a Tendere, com apenas cinco funcionários, presta serviços hoje a dez empresas, com as quais trabalha desde consultoria educacional até marketing digital com expertise em moda.
Ao final da incubação, Patrícia e seu sócio à época passaram por dificuldades e quase fecharam as portas. “Até que um bolsista em financeiro chegou e arrumou à casa”, relembra.
A formação diversificada da empresa é um diferencial. “Eu sou cientista social, meu sócio é formado em artes visuais e temos ainda uma designer de moda, um engenheiro mecânico e um designer digital. Além disso, há 25 pesquisadores espalhados pelo mundo que trabalham por demanda”, afirma a diretora de pesquisa.
Para Patrícia, participar de um evento como a UPA (Unicamp Portas Abertas) é uma possibilidade de aproximar os alunos do mundo do empreendedorismo. “Esse contato é muito importante. Essa nova geração é mais empreendedora e podemos ser um exemplo para que eles também comecem”, finaliza.
A UPA (Unicamp de Portas Abertas) recebeu mais de 40 mil visitantes no último sábado.