O prédio integra o Parque Científico e Tecnológico e empresas interessadas em se instalar com projetos de P&D já podem encaminhar propostas para o edital
Texto: Kátia Kishi
Fotos: Antonio Scarpinetti (SEC – Unicamp)
No último dia 05 de julho, o novo prédio do Laboratório de Inovação em Biocombustíveis (LIB) foi inaugurado no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, em cerimônia de descerramento comemorada pelo reitor da Universidade, Prof. Marcelo Knobel. “A Unicamp é pioneira nas pesquisas sobre biocombustíveis, com faculdades e institutos que atuam nessa área de pesquisa, e ter um espaço dedicado a isso pode fomentar mais pesquisas junto às empresas e os nossos grupos de pesquisa em biocombustíveis e que será muito importante para o desenvolvimento dessa área no país”, destacou.
Na ocasião, a Agência de Inovação Inova Unicamp, responsável pelo Parque Científico da Universidade, também disponibilizou edital para empresas interessadas em se instalar nesse novo espaço com projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) na Universidade.
O prédio recebeu fomento da Financiadora de Inovação e Pesquisa (FINEP) e tem como objetivo instalar empresas interessadas em firmar projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com a Universidade relacionados à área de biocombustíveis, em temas como:
- Biotecnologia de plantas e leveduras;
- Hidrólise de biomassa;
- Fermentação;
- Destilação;
- Produção de hidrogênio a partir de etanol;
- Produção eficiente de biodiesel;
- Gerenciamento de processos visando otimização de recursos e redução do impacto no meio ambiente.
Para o professor Newton Frateschi, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, o prédio do LIB foi inaugurado em um momento importante para fomentar pesquisas na área de biocombustíveis, devido à crescente preocupação mundial com a sustentabilidade: “Pesquisas como as desenvolvidas na Unicamp em parcerias com empresas podem chegar ao mercado com produtos inovadores que contribuem com a economia brasileira além de reduzir o impacto da humanidade no meio ambiente”, frisou.
Frateschi ressaltou ainda a expertise que docentes e pesquisadores da Universidade já acumulam, o que garante que Unicamp é capaz de trabalhar em sinergia com a indústria e encontrar soluções inovadoras para as demandas de mercado.
Pesquisas em Biocombustíveis na Unicamp
“A agricultura enfrenta uma série de desafios num ambiente em constante mudança, o que incentiva uma incessante busca por maior produtividade com maior sustentabilidade. Na cultura da cana-de-açúcar não é diferente, sendo o estresse por seca um componente importante, que reduz consideravelmente a produtividade”, explica o Prof. Marcelo Menossi, do Instituto de Biologia (IB) sobre os trabalhos científicos em cana-de-açúcar desenvolvidos pelo grupo de estudos que ele coordena.
O grupo já depositou 14 pedidos de patentes relacionadas com genes que conferem vantagens agronômicas como tolerância à seca, aumento de teor de sacarose, aceleração de crescimento, bem como de sequências de DNA que possibilitam o controle da expressão gênica em cana-de-açúcar. Esse é um dos exemplos das pesquisas realizadas na Universidade, quando o assunto é Biocombustíveis.
A interação com o setor produtivo é prioridade no grupo e recentemente uma das suas tecnologias foi licenciada para uma empresa com a finalidade de aumentar a tolerância à seca em soja. Várias outras tecnologias estão em fase de negociação, com o qual o horizonte próximo é muito promissor quanto à transferência de conhecimento para o setor de bioenergia do Brasil, afirma Menossi.
Em paralelo, outro grupo de pesquisa na área de biocombustíveis é liderado pelo Prof. Rubens Maciel Filho, docente da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, que nos últimos 35 anos tem trabalhado com biorrefinaria. Hoje, há um projeto temático nessa linha apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), cujo objetivo é desenvolver tecnologias e processos que viabilizarão economicamente a produção de químicos, materiais, combustíveis e eletricidade em biorrefinarias integradas de cana-de-açúcar, objetivando emissões zero de CO2.
“Os objetivos dessa proposta estão relacionados com o aumento da produção de etanol em combinação com cogeração e meios eficazes de converter a biomassa da cana em etanol e químicos, incluindo aqueles com valor agregado. Dessa maneira, o objetivo final dessa proposta é de aumentar a competitividade econômica do etanol no mercado de combustíveis”, explica Maciel Filho.
A Unicamp conta ainda com outros grupos de pesquisa de alto nível na área de biocombustíveis distribuídas em diversas unidades, como o Instituto de Biologia (IB), Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI), Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC), Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), Faculdade de Engenharia Química (FEQ), Instituto de Química (IQ) e no Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE)
Laboratório de Inovação em Biocombustíveis
O LIB é um dos prédios do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, instalado no campus da cidade de Campinas e administrado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que recebeu da FINEP o valor de R$ 3.687.917,42 após a aprovação do projeto submetido em 2009, complementado com recurso orçamentário da Unicamp para sua finalização no valor de R$ 1.398.531,16.
Ao todo, foram investidos R$ 5.086.448,58 para edificação do prédio com área de 1.226,76 m², disponível para ocupação e divididos em três andares.
Entre os diferenciais do LIB, também há uma “planta piloto” que ocupa três andares de altura, conhecida no jargão da construção civil como pé-direito alto, destinada para pesquisas com equipamentos de grande porte, como colunas de destilação e biorreatores, por exemplo.
O prédio também conta com salas administrativas, de reuniões e anfiteatro no térreo além de laboratórios de pesquisa nos 1º e 2º pavimentos (cinco salas por andar).